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É preciso novos rumos nos negócios para garantir a evolução do sector

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As empresas de moldes têm de “soltar-se da trajetória que vêm fazendo” porque, com as mudanças vertiginosas que o mundo está a sofrer, “as estratégias de sempre não vão funcionar”.


Quem o defendeu foi Augusto Mateus, antigo ministro da Economia e professor universitário no ISEG, o orador convidado do debate ‘Novos Modelos de Negócio’ que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 27 de fevereiro, na Figueira da Foz.


Falando perante uma plateia composta por mais de meia centena de profissionais da indústria, Augusto Mateus sintetizou que é “preciso avançar com ambição, mas os pés bem assentes na terra”. Destacou ainda a necessidade de as empresas se conseguirem associar, criando uma “unidade coletiva”, e trabalhar com as instituições públicas, de forma a dar a conhecer ao mundo o sector pelas suas características distintivas de inovação, conhecimento e tecnologia. Ou seja, é preciso protagonizar uma nova atitude que, atenta ao ritmo alucinante da mudança, consiga encontrar as melhores estratégias.


“As empresas não têm opção: têm de trabalhar depressa, de forma a acompanhar esta mudança”


Contando conhecer o percurso da indústria de moldes há muitos anos, o ex-governante considerou ser necessário “olhar para as novas tendências e modelos de negócio, tendo em conta, entre outras, questões como a geopolítica e a economia mundial”.


Para Augusto Mateus, é preciso um modelo de negócio “sustentado no valor acrescentado”. “Vivemos a maior e mais rápida transformação de que há memória, seja a nível económico, seja a todos os níveis, e as empresas têm de conseguir ser competitivas neste cenário; ou seja têm de conseguir criar riqueza”, enfatizou.


Na sua opinião, em Portugal não há reflexão suficiente sobre os modelos de negócio das empresas, defendendo ser premente pensar sobre a nova realidade e elencar novos cenários.


Falando da indústria de moldes, destacou que exporta a quase totalidade do que produz, mas tem cerca de 80% dos seus clientes na indústria automóvel e a esmagadora maioria nos países europeus. Estes números, considerou, “espelham a dificuldade de opções que as empresas têm tido ao longo da sua história”. Por isso, considera premente uma maior capacidade de adaptação, defendendo que “é preciso um modelo de negócio flexível para que as empresas se consigam reposicionar e no tempo certo”.


A indústria de moldes “tem muito mérito”, na sua opinião, mas funciona muito do lado da procura. Ou seja, “necessita de criar mais riqueza e mais valor”. Para isso, é fundamental “ter criatividade” e “decidir, correndo riscos”.




Cadeias globais

Na economia, afirmou Augusto Mateus, as cadeias de valor são globalizadas e dividem-se, atualmente, em três blocos: as Américas, a Europa e a Ásia. “Se uma empresa está dependente de apenas um deles, e se esse mercado cresce menos, a situação da empresa torna-se mais complicada”, salientou.


No seu entender, a economia portuguesa “não presta grande atenção à dinâmica dos mercados e privilegia antes a sua localização geográfica; por isso, a Europa surge sempre como primeiro mercado”. Ora, na atual situação, enfatiza, tal opção não é a mais favorável porque os mercados de exportação de Portugal (localizados na Europa) integram o grupo dos que menos estão a crescer. “O fraco dinamismo dos mercados é um problema”, considerou. Mas lembrou que a indústria de moldes tem “uma longa história de resposta às adversidades e de criação de soluções”.


“É preciso saber onde estamos e para onde vamos, mas também perceber o que é o nosso negócio e potenciá-lo”, salientou, para destacar a necessidade de as empresas se afirmarem mais nas cadeias internacionais, conseguindo não se limitar a aceitar as regras, mas podendo ditá-las.


“Há muitas mudanças que temos pela frente”, advertiu, exortando as empresas a libertarem-se da sua trajetória e a criar rumos novos, centrando os seus negócios em modelos de valor acrescentado. “É possível não crescer em quantidade, mas em valor”, frisou.


Augusto Mateus abordou ainda a questão do financiamento, considerando que “as empresas têm de prestar atenção ao seu financiamento e investir naquilo que é imprescindível e não no acessório”. A indústria de moldes, considerou, “tem de se readaptar e combater a anemia do mercado natural onde opera, sendo certo que há oportunidades que as empresas ainda não agarraram”. Para isso, destacou, a cooperação é essencial.


“Neste cenário, de forma a ganhar escala, é preciso criar uma ‘task force’ que pense nas negociações com as multinacionais”, defendeu. E os parceiros para este passo, elucidou, não se encontram apenas em Portugal. “É preciso criar parcerias ativas nas cadeias de valor globais, dar-se a conhecer e dar a conhecer as suas potencialidades”, sublinhou.


Esta sessão decorreu de forma muito dinâmica, com vários dos presentes a colocar questões e trocar opiniões sobre a realidade do sector.


O encontro, ao qual se seguirão outras iniciativas ao longo do ano, abordando diferentes temáticas, incluiu um jantar-networking, permitindo também a partilha e debate de ideias.


João Faustino, Presidente da CEFAMOL, falou deste conjunto de iniciativas de reflexão, considerando que “o mundo está em mudança e temos de, em conjunto, encontrar as melhores formas de ser ativos e proativos”.



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