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Empresas familiares têm de antecipar e superar obstáculos para se fortalecerem

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As empresas familiares enfrentam desafios únicos que exigem uma abordagem estratégica e atempada. Durante a palestra "Os novos desafios para as empresas familiares", Luís Todo Bom, professor convidado no ISCTE Executive Education e autor do 'Manual de Gestão de Empresas Familiares', abordou as principais dificuldades enfrentadas por estas organizações. Entre os temas discutidos estiveram a necessidade de equilibrar gestão e governança, a sucessão familiar, a separação do património empresarial e familiar, bem como a preparação das novas gerações para a liderança. O evento, que decorreu no Centro Empresarial da Marinha Grande a 20 de março, reuniu várias empresas do setor dos moldes para debater estas questões.


Luís Todo Bom alertou para a importância de as empresas familiares tratarem destes desafios com tempo e ponderação. “Muitas empresas focam-se excessivamente na gestão do dia a dia e negligenciam questões estratégicas, o que pode comprometer a sua sustentabilidade a longo prazo”, advertiu. O orador sublinhou que preparar a governança da empresa e da família é essencial para garantir a harmonia e a eficiência do negócio.


O especialista destacou que a performance das empresas depende de três fatores fundamentais: dimensão, boa governança e boa gestão.


No caso das empresas familiares, estas variáveis tornam-se ainda mais complexas, pois, salientou, “é necessário equilibrar as questões empresariais com as questões familiares”.


Outro ponto abordado pelo orador foi o risco estrutural das empresas familiares. “Como as famílias são naturalmente complexas, é frequente haver diferentes graus de parentesco e especializações, o que pode gerar conflitos”, explicou. Além disso, “um incidente isolado pode desencadear uma série de eventos negativos que afetam gravemente a estabilidade da empresa”. Para mitigar este risco, destacou ser essencial “criar protocolos familiares que estabeleçam regras claras para a gestão da empresa e que sejam revistos periodicamente”.



Património

Luís Todo Bom defendeu que o protocolo familiar deve ser criado com o fundador da empresa, ainda em vida, garantindo que as regras básicas de funcionamento são aceites por todos. “Este protocolo deve ser complementado por assembleias e conselhos de família, de forma a manter a coesão entre os membros”, aconselhou. Enfatizou ainda a necessidade de as questões mais relevantes deste protocolo serem formalizadas no acordo parassocial da empresa.


Outro ponto fulcral, no seu entender, é a separação do património familiar e empresarial. “O património de uma empresa familiar não se limita às suas instalações e bens materiais; inclui também capital humano, conhecimento, experiência, reputação e relações de mercado”, afirmou, destacando que, em países como a Alemanha, as empresas familiares – devido ao seu património, sobretudo reputacional - são altamente valorizadas pelo setor bancário, algo que ainda não se verifica, de forma generalizada, em Portugal.


A sucessão nas empresas familiares foi outro tema central. Na ótica de Luís Todo Bom, “não existe um modelo ideal para este processo, pois cada empresa tem a sua dinâmica própria”. No entanto, é essencial preparar as novas gerações para que apenas integrem a gestão quando tiverem real valor a acrescentar. O especialista sugeriu que a administração “deve contar com membros da família, mas também com elementos externos, que trazem competências diferenciadas e uma perspetiva imparcial”.


Advertiu ainda que, além das questões tradicionais relacionadas com mercado, vendas e clima organizacional, as empresas familiares enfrentam hoje novos desafios. A igualdade de género, a Inteligência Artificial, a sustentabilidade e as práticas ESG (Environmental, Social and Governance) são questões que exigem atenção e preparação para garantir a competitividade da empresa no futuro.


Reconhecendo que todas as famílias têm conflitos, o orador reforçou que, no caso das empresas familiares, estes podem afetar a gestão do negócio. “A melhor forma de evitar que os conflitos escalem é estancá-los desde o início”, considerou. Para isso, é fundamental “estabelecer regras claras para a entrada de familiares na empresa, garantindo unanimidade nas decisões”.


A palestra encerrou com um alerta: muitas empresas familiares falham porque não antecipam e não planeiam os seus desafios. “Para garantir a continuidade e o sucesso, é fundamental preparar, antecipar e estruturar um modelo de governança eficaz”, enfatizou.

Agenda

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